O trip-hop está para o mainstream assim como um vira-lata está para a calçada da fama. O estilo não admite acordes brilhantes, chamativos ou refrões cansativos e pegajosos que a música pop empurra aos pobres ouvintes das mais pobres ainda "rádio hits", mundo a fora. O trip-hop nasceu como um câncer silencioso nascido nas entranhas do gueto londrino, em meio a uma época que a explosão criativa dos britânicos aparentava suportar apenas a guerra pseudoalternativa entre Oasis e Blur.
Não. Havia mais que isso. Mas nada espalhafatoso, brilhante ou colorido. Como devia ser.
Seguindo esta trilha, "Londinium", do Archive, chega as lojas em 1996 sob forte influência dos mestres e inventores do estilo (Massive Attack e Tricky dominavam na época) e fez com que a banda trilhasse a linha de originalidade que o trip-hop exige, sem que esbarre na mesmice, ou pior, no pop travestido de alternativo.
Podemos atestar que a proposta do disco foi muito bem aceita e seu objetivo, alcançado com louvores. Louvores londrinos, para dizer a verdade. Louvores discretos, frios, como devia ser. "Londinium", como o próprio nome sugere, é uma reflexão sobre o passado, presente e futuro da cidade, tais como os valores absorvidos pela cultura urbana, vindos sei lá de onde ...da rua, talvez.
Em cada faixa se vê o conjunto orquestrado com maestria ímpar, algo fora o comum. Um punhado de canções com um só propósito: descrever as características mais íntimas de uma cidade. É um verdadeiro olhar para dentro das próprias raízes, para dentro da própria alma. No melhor estilo londrino, nublado e discreto ...como devia ser...
YM
Ano que vai indo. Um ano de blog. Talvez muito pouco para o que eu poderia externar com todos vocês (?!?!?) sobre o pouco que sei de música, mas uma quantidade significantemente importante para mim. Este post é mais do que especial, nem muito pela data, mas sim pelo disco em si. O meu disco do ano.
______________________________________
Download: Londinium
Nenhum comentário:
Postar um comentário